O armador Aliança Navegação e Logística, líder na
cabotagem de contêineres, irá inaugurar um serviço inédito de transporte de
cargas de projetos - assim chamadas por terem grandes dimensões e não caberem em
um contêiner, como turbinas e pás eólicas. A companhia acabou de afretar um
navio dedicado ao nicho e que irá entrar em operação no mês de maio.
O objetivo é atender as empresas que precisam
movimentar na costa grandes volumes devido aos investimentos em infraestrutura,
especialmente no Norte e Nordeste. Hoje, elas dependem de navios de bandeira
estrangeira - que realizam o transporte doméstico devido à falta de frota
nacional especializada - e de rodovias, que por serem mal conservadas podem
avariar a carga e aumentar o preço do seguro.
Mark Juzwiak, gerente-geral de assuntos
institucionais da Aliança, explica que a decisão de entrar no setor deveu-se à
procura dos clientes. Principalmente da área de energia. "O mercado estava
carente de um navio especializado. Hoje no Brasil não existem navios de bandeira
brasileira com essa capacidade", diz o executivo.
A embarcação multipropósito, denominada "Aliança
Energia", tem capacidade para transportar pouco mais de 19 mil toneladas. É
equipada com três guindastes cuja oferta combinada permite que sejam içadas até
800 toneladas. A embarcação foi construída em 2011. Tem 166,25 metros de
extensão, 22,90 metros de largura e 9,80 metros de calado, sendo considerada
grande para o setor. Tem dois porões, um com abertura de 25 metros e outro com
abertura de 86 metros.
Este será o 11º navio da Aliança na cabotagem - a
empresa faz também navegação de longo curso. Neste ano, o faturamento previsto
com o novo ativo é de US$ 15 milhões. "Em 2015, acredito que será entre US$ 25
milhões e US$ 30 milhões, o equivalente entre 5% e 6% da receita da Aliança na
cabotagem", diz Juzwiak.
O navio foi afretado a casco nu de um armador
alemão pelo prazo de três anos, com opção de mais um. De bandeira liberiana,
está vindo do Caribe. Quando chegar ao Brasil, receberá a bandeira brasileira e
a tripulação nacional.
A Aliança está em contato com diversos clientes,
entre os quais os que têm cargas destinadas a parques eólicos no Nordeste e no
Sul e da indústria de máquinas. A ideia é atender todo o território nacional e,
posteriormente, fazer a chamada longa cabotagem, escalando países como
Argentina, Uruguai e Chile, com os quais o Brasil mantém acordos
bilaterais.
"É um projeto pioneiro para o qual existe demanda.
O Brasil está investindo em infraestrutura, em indústria pesada, há muitos
investimentos em curso", afirma o executivo. Questionado se a empresa pretende
investir em um segundo navio do tipo, Juzwiak explica que tudo vai depender da
demanda.
Entre as vantagens da cabotagem no nicho de cargas
de projeto está o tempo de viagem que, comparado ao trajeto rodoviário, pode ser
significativamente reduzido: de 50 dias para no máximo seis em uma viagem de
Santos para Fortaleza, estima a empresa.